Jorge Terra

29 de julho de 2017

Escolha alguém para odiar

Escolha um grupo para odiar!

Sim, não precisas justificar o critério para definires as pessoas que vais odiar ou que, no mínimo, farás com que outros odeiem cada vez mais. O importante é que, sem constrangimento algum, maldigas, maltrates ou cries situações no mínimo constrangedoras para essas pessoas.

Poderias, o que é natural, perguntar a razão de fazeres isso. Responder-te-ia sem piscar: para te colocares em posição de superioridade, para teres popularidade, para teres poder ou para obteres a venda de algum produto de baixa qualidade, que fica, sob a névoa da polêmica, parecendo ser melhor do que é.

Como já foi dito por um renomado educador, a educação está tão desacreditada que para se ouvir sobre ela não chamamos os Professores(ouvimos economistas, advogados, jornalistas, pessoas sem qualificação, mas não os Professores). Essa verdade que acontece com a educação pode ser transplantada para outros campos: quem fala sobre o serviço público não é o servidor, é quem nunca teve uma carreira; quem fala sobre algumas religiões em especial, nunca estudou ou frequentou algum espaço importante para a religião que condena ou ataca.

O odiar e o externar o ódio virou pauta política. Isso é tão verdade que pessoas aceitam o encargo de disputar cargos no Executivo com o desiderato e o apoio suficiente para realizar atos que atentam contra os serviços necessários para boa parte da população. Atacam-se impunemente a qualidade da merenda escolar, a qualidade do ensino, as estruturas das escolas, dos serviços de segurança e de saúde, os direitos culturais.

Aqueles que são contrários a esses ataques parecem acuados, não sabendo bem como dizer ao menos o óbvio muitas das vezes: o estágio civilizatório e constitucional que atingimos não admite retrocesso.

Retomando. Se puderes ter mais de um grupo atacável sob a tua ótica, figurarás como democrático, ou seja, como alguém que não se importaria com as críticas que possa sofrer desde que veja extintas as coisas que considerares erradas. Em verdade, buscarias, no lugar do consenso, o patamar razoável e necessário de concordâncias para representares aqueles que odeiam ou querem odiar. Essas concordâncias seriam bastantes para se converterem em votos, em vendas de ingressos ou de livros, em acessos a sites, em convites para palestras, etc.

Perceba-se que nem durante o período eleitoral se consegue intentar ação organizada contra os quereres de políticos que ampliam suas bases eleitorais com a adoção do discurso do ódio. Nas eleições proporcionais no Brasil, eles têm sido campeões de voto e, paulatinamente, têm ocupado espaço importante nas eleições majoritárias.

De outro lado, os ataques têm sido cada vez mais amplos e profundos, atingindo-se de forma direta ou indireta um número grande de pessoas, permitindo fazer crer que essa experiência coletiva seja capaz de redundar em aprendizagem. Saber se realmente estamos aprendendo é que é a conta. O aumento da amplitude danosa pode ser exemplificada: há um ataque severo aos servidores, mas não sendo servidor, isso não me move. Todavia, o impagamento de servidores ou o pagamento de forma dessintonizada com a lei gera efeitos econômicos diretos (pela falta do dinheiro dos servidores no mercado) e indiretos (a influência econômica decorrente da falta de confiança em gestores que se revelam incapazes de oferecer alternativas não limitadas à diminuição de conjuntos de direitos).

Sempre é tempo de aprender. Então aprendamos antes de retrocedermos tanto que, quando a roda passar a girar para outro lado, e isso sempre ocorre, tenhamos de começar quase do zero.

Jorge Terra

 

 

16 de outubro de 2012

Eu acredito no futuro!

Eu tenho esperança no futuro próximo!

Enquanto eu arrumava o auditório para a realização do evento “O negro e a lei penal”, minha filha, então com oito anos, gravava, no celular, sua opinião sobre preconceito, discriminação e bullying.

Eu tenho muito que agradecer a ela e à vida!

A seguir, o link para ouvires com tempo e com calma:

Jorge Terra

Coordenador da Rede Afro-Gaúcha de Profissionais do Direito

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